28/04/08
27/04/08
26/04/08
A sabedoria do Povo
"Antes burro que me carregue do que cavalo que me derrube!"
(Gil Vicente, A Farsa de Inês Pereira)
(Gil Vicente, A Farsa de Inês Pereira)
25/04/08
23/04/08
Um dia com...
Atenção, que não digo na cama com... mas um dia direi! Hoje é dia de seguirmos a palavra, passar o dia com ela. Pode ser sincera, dissimulada, clara ou manhosa, simples ou erudita, superficial ou profunda, unívoca ou ambígua, honrada ou nem por isso, ser letra ou palavra, escrita ou falada, som, imagem ou gesto, pensada ou inconsciente, inexistente ou consistente, assinada ou anónima, fria ou quente, doce ou acutilante, poema ou conversa, música.... Angélica ou diabólica, a palavra existe. Tem significado próprio, é a morada de muitas outras palavras. Pode dançar, jogar, hesitar, ingerir e digerir. Eh palavra santa, ou no inicio não fosse o Verbo.
O dom da palavra desarma mil exércitos, empobrece o mais rico, enobrece o mais campónio. É uma arma, é um dom, é gratuita, é vulgar mas poucos a sabem usar. Mais palavras para quê... Usem-na (q. b.).
O dom da palavra desarma mil exércitos, empobrece o mais rico, enobrece o mais campónio. É uma arma, é um dom, é gratuita, é vulgar mas poucos a sabem usar. Mais palavras para quê... Usem-na (q. b.).
20/04/08
Dúvida
"A dúvida requer mais coragem do que a convicção, e mais energia; porque a convicção é um lugar de repouso e a dúvida é infinita – é um exercício apaixonado.”
(Dúvida, de John Patrick Shanley)
(Dúvida, de John Patrick Shanley)
Alma
"Não sei para onde vou;
sou selvagem, sou uma alma que pecou culpas mortais contra Deus que me criou à Sua imagem.
Sou a triste, sem ventura, criada resplandecente e preciosa, angélica em formosura, e per natura, como raio reluzente luminosa.
E por minha triste sorte e diabólicas maldades violentas, estou mais morta que a morte sem deporte,
carregada de vaidades peçonhentas.
Sou a triste, sem mezinha, pecadora obstinada, perfilosa;
pela triste culpa minha, mui mesquinha, a todo o mal inclinada e deleitosa. (...)
Cada passo me perdi; em lugar de merecer, eu sou culpada.
Havei piedade de mi, que não me vi;
perdi meu inocente ser, e sou danada. E, por mais graveza, sento não poder me arrepender quanto queria; que meu triste pensamento, sendo isento, não me quer obedecer, como soía. Socorri, hóspeda senhora, que a mão de Satanás me tocou, e sou já de mim tão fora, que agora, não sei se avante, se atrás, nem como vou.
(...) Conheço-me por culpada, e digo diante de vós minha culpa.
Senhora, quero pousada, dai passada, pois que padeceu por nós quem nos desculpa. (...)"
(Auto da Alma, Gil Vicente)
sou selvagem, sou uma alma que pecou culpas mortais contra Deus que me criou à Sua imagem.
Sou a triste, sem ventura, criada resplandecente e preciosa, angélica em formosura, e per natura, como raio reluzente luminosa.
E por minha triste sorte e diabólicas maldades violentas, estou mais morta que a morte sem deporte,
carregada de vaidades peçonhentas.
Sou a triste, sem mezinha, pecadora obstinada, perfilosa;
pela triste culpa minha, mui mesquinha, a todo o mal inclinada e deleitosa. (...)
Cada passo me perdi; em lugar de merecer, eu sou culpada.
Havei piedade de mi, que não me vi;
perdi meu inocente ser, e sou danada. E, por mais graveza, sento não poder me arrepender quanto queria; que meu triste pensamento, sendo isento, não me quer obedecer, como soía. Socorri, hóspeda senhora, que a mão de Satanás me tocou, e sou já de mim tão fora, que agora, não sei se avante, se atrás, nem como vou.
(...) Conheço-me por culpada, e digo diante de vós minha culpa.
Senhora, quero pousada, dai passada, pois que padeceu por nós quem nos desculpa. (...)"
(Auto da Alma, Gil Vicente)
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